Os centros de recursos biológicos em saúde (CRBs) são parte essencial da infraestrutura biotecnológica. Estes centros são provedores de serviços e repositórios de células vivas, genomas de organismos e informação associada, ofertando material biológico autenticado.
Os CRBs devem alcançar os níveis mais altos de qualidade e expertise exigidas pela comunidade científica e indústria nacional e internacional. São constituídos por acervos de organismos cultiváveis (micro-organismos, células de plantas, animais, humanas), partes replicáveis desses, bem como bancos de dados com informações moleculares, fisiológicas e estruturais associadas a estes acervos.
Desde 2005, a Fiocruz se organizou para liderar o campo da saúde na Rede Brasileira de CRB (Rede CBR-Br) e estruturar o Centro de Recursos Biológicos em Saúde, compondo uma coleção de culturas constituída por micro-organismos patogênicos, relacionados, principalmente, a doenças tropicais, ou com potencial biotecnológico na área da saúde, incluindo vírus, bactérias, fungos, protozoários, cDNA/RNA e Material de Referência Certificado. Em paralelo, a Fundação participa ativamente da construção da Rede CRB-Br, com liderança na área da saúde.
Os objetivos do CRB-Saúde da Fiocruz têm os seguintes fundamentos:
- Contribuir e apoiar a pesquisa, o desenvolvimento tecnológico e a inovação, oferecendo produtos e serviços certificados à comunidade científica e ao Sistema Único de Saúde (SUS).
- Prestar serviços e fornecer produtos de alta qualidade para o desenvolvimento de diagnósticos, vacinas e medicamentos de acordo com os requisitos internacionais de biossegurança, bioproteção, qualidade e legais.
- Fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) para reduzir a dependência internacional do Brasil.
- Preservar e dar acesso a representantes da diversidade microbiana.
Estavam em curso até o surgimento da pandemia algumas iniciativas como o apoio à Coleção de Leishmania (CLIOC), à Coleção de Bactérias do Ambiente e Saúde (CBAS) e à Coleção de Culturas de Fungos Filamentosos (CCFF) para serem acreditadas pelo programa do Inmetro para CRB e reconhecidas pelo MCTI como CRB, assim como a criação de um Núcleo Técnico voltado para a organização do CRB.
Com base na nova ISO 20387:2018, os conceitos sobre centro de recursos biológicos e biobanco foram revistos. A ISO 20387:2018, internalizada por meio da ABNT NBR ISO 20387:2020, define biobanco como uma entidade legal, ou parte dela, que realiza processo de aquisição e armazenamento, junto a algumas ou a todas as atividades relacionadas à coleta, preparação, preservação, ensaio, análise e distribuição de materiais biológicos definidos, além de informações e dados associados. Também especifica requerimentos internacionais para toda e qualquer atividade de biobanco e é baseada em padrões de qualidade, biossegurança, bioproteção preconizadas internacionalmente. Esta ISO, dentre outros documentos, tem como base as Diretrizes de Boas Práticas para Centros de Recursos Biológicos da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.